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Não estranharia a sorte, se num monte de 15 anos de papéis, não encontrasse um nome, uma imagem, uma recordação de um momento, agarrado ao nosso subconsciente.
Não limparia uma memória, ou um passado, se não fosse ele um elemento de sujidade do próprio presente que o invoca.
Não é o passado que me apavora, é o resultado do mesmo, que no seu futuro, nos mete a mão firme na garganta, e nos aperta o nosso eu, estridentemente contra uma parede cravada de cacos de vidro. E ele mesmo nos pergunta, se é este o presente, que julgaríamos vir a ter naquele momento do passado.
Não respondi com a sinceridade que o tempo permite, julguei melhor ler, reler e simplesmente destruir, enfiar tudo num saco de plástico preto, atar, e precaver-me de eventuais derrames de saudade.
Até então, nem uma gota de nostalgia, nem um suor frio, nem uma facada no peito, até que..
Apareceu .. Acordou .. Surgiu.. O relógio, a carta, o papel, a caneta, a roupa, uma caixa de sapatos, um vento, uma luz, um isqueiro, uma janela e uma imagem profunda, longínqua, de uma vila adormecida. Ao longe “a árvore”, a reminiscência, o despertar do holocausto, a bomba atómica, Hiroshima, Nagasaki, e o som da letra que toca, um parecer ser, que não deixa de ser, passado.
Que falsa, esta vontade de apagar, o que não podemos deixar para trás!
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