28 February, 2008

sol de inverno

Sabe deus que eu quis
Contigo ser feliz
Viver ao sol do teu olhar,
Mais terno.
Morto o teu desejo
Vivo o meu desejo
Primavera em flor
Ao sol de inverno
Sonhos que sonhei
Onde estão
Horas que vivi
Quem as tem
De que serve ter coração
E não ter o amor de ninguém.
Beijos que te dei
Onde estão
A quem foste dar
O que é meu
Vale mais não ter coração
Do que ter e não ter, como eu.
Eu em troca de nada
Dei tudo na vida
Bandeira vencida
Rasgada no chão,
Sou a data esquecida
A coisa perdida
Que vai a leilão.
Sonhos que sonhei
Onde estão
Horas que vivi
Quem as tem
De que serve ter coração
E não ter o amor de ninguém.
Vivo de saudades, amor
A vida perdeu fulgor,
Como o sol de inverno
Não tenho calor.


Simone de Oliveira
Composição: Jerónimo Bragança

25 February, 2008

kosik não é supérfluo..

O século XX começou com tiros em Sarajevo, em 1914, e está acabando agora com a derrocada do império soviético e com tiros em Sarajevo. Chamaram-no, com razão, o século de Franz Kafka. De fato, Kafka descreveu a essência desse tempo com um olhar inacreditavelmente agudo. Alguns dos seus contemporâneos ainda achavam que seus textos eram visões de sonhos, exageros poéticos, alucinações fantasmagóricas. Nós, porém, constatamos hoje, com espanto, a exatidão e a sobriedade das suas descrições. Kafka chegou à conclusão �" e essa, a meu ver, é a sua descoberta mais significativa �" de que a nossa época moderna é hostil ao trágico, trata de exclui-lo, e em seu lugar institui o grotesco. Por isso, o século de Franz Kafka é, ao mesmo tempo, o século cuja quintessência se acha corporificada numa de suas figuras: a personagem Grete Samsa, uma espécie de anti-Antígona do século XX....

Karel Kosik (Tradução de Leandro Konder)

22 February, 2008

algo vai mal no Reino da Dinamarca

Legiões do céu! Ó terra! Que mais, ainda? Invocarei o inferno? Firme, firme, coração! Não fiqueis velhos de súbito, músculos; aguentai-me! Que me lembre de ti? Sim, pobre fantasma, sim, enquanto tiver sede a memória neste globo conturbado.
Lembrar-me? Sim; das tábuas da memória hei de todas as notícias frívolas apagar, as vãs sentenças dos livros, as imagens, os vestígios que dos anos e a experiência aí deixaram. Essa tua ordem, só, há de guardar-se no volume e no livro do meu cérebro, sem mais escórias. Sim, pelo alto céu, ó mulher perniciosa! Vilão, vilão que ri! Vilão maldito! Meu canhenho... Preciso tomar nota que o homem pode sorrir e ser infame. Sei que ao menos é assim na Dinamarca.


Hamlet - W.Shakespeare

19 February, 2008

"so I can see my baby when I leave this world"

Não me lembro de um último beijo, não.
Não me lembro.

Não me lembro mais do teu sorriso.
Hoje, vi o meu olhar triste. Olhando para um espelho que apenas me oferece recordações.

Sinto-me só..
E se a sorte da doença é triste,
a morte é cura para este cancro que suavemente nos derrota.

Morrer na vida é morte sem glória.
É perder pé na areia do deserto.
É esconder a noite no escuro da memória.
e somente encontrar um dia encoberto.

É dia cinzento,
É dia sem cor
Desprovido de sentimento
Embriagado de dor

Hoje, não me lembro do último beijo.
Mas lembro-me do primeiro.

E aqui durmo, e aqui sonho… na demora de um instante.

os contos de ontem à tarde

Alto! Solitário perdão.
Perdido em mais um tempo que um relógio contou.
A volátil sensação de impotência, estampada na porta do teatro.

Não eram entes estranhos, eram pesos mortos pelo sofrimento da loucura.
A fusão da noite no dia, e na fé do crente, que não acredita na sua própria verdade.

Perguntei pela sensação de existir, a um mendigo mutilado de esperança.
Seria ele um ser menos sensato que a minha pergunta?

Respondeu, tossindo:

- Sangue..!!

E sentou-se na porta do teatro, representando a impotência da sua dor.
Não morreu de imediato, porque o vento o obrigou a respirar o fumo do papel queimado que lhe oferecia vida.

Perdi algum tempo a perceber o que significava aquela resposta, mas nunca o sangue, porque esse era tão humano quanto o meu. O existir não é mais que sangue – Pensei!

Palavra que o vi rico e sorridente, na poltrona mais cómoda daquela ilusão que ambos assistimos, mas escapou-me ao sentir o mais apurado odor.

É tarde, o espectáculo vai começar. Fechei a cortina, e saí rapidamente deste devaneio que me açoita a alma.

E ele ali ficou, na sua relativa fragilidade, bem mais forte que a minha própria vontade.

se não fosses tu, quem seria eu?

18 February, 2008

probability

No próximo fim-de-semana vou à Igreja, para ter a absoluta certeza que não sou o único no Mundo, a acreditar na ocorrência do improvável.


Tell me baby when I hurt you
Do you keep it all inside
Do you tell me als forgiven
And just hide behind your pride


Well its hard to be strong
When theres no one to dream on


keep the faith

17 February, 2008

beautiful stranger II

world outside

Tell me your secret
What you desire
I will still be there for you
And tell me you need it
Tell me something you're not
I will still be there for you

And say you believe it
All of your lies
Tell me you feel it
And don't compromise, oh no
I will still be there for you

Your light in my dreams
Light up my skin
You're so far away
You're holding it in
I'm looking around
Watching it spin
Got my world outside
It's changing
Something within

Tell me you'll reach it
Some of the time
What you're searching for
Cos the love that's around you
Gets you down
Kick you to the floor

So tell me you see it
With your own eyes
Tell me the sky is falling now
In your world
I will still be there for you

Your light in my dreams
Light up my skin
Waiting so long
Time to begin
I'm looking around
Watching it spin
Got my world outside
It's changing
Something within

So tell me the reasons
Show me the signs
Say you desire
Desire only now
In this world
It's our world

Your light in my dreams
Light up my skin
You're so far away
You're holding it in
I'm looking around
Watching it spin
Got my world outside
It's changing
Something within

It's our world
Time moves on
And time moves on
In our world


World Outside by The Devlins

11 February, 2008

05 February, 2008

more than words...

04 February, 2008

philosopher... like a stone

...como bola colorida entre as mãos duma criança


*Felicidade é nunca deixar de sonhar!

Há dias em que os pesadelos, parecem sonhos..

She said,
she said..."She´s not for you!"

You believe??

Eles não sabem..que o sonho, é uma constante da vida?

03 February, 2008

one day..one dream..



No sonho morre Cassandra, na frase do próprio, morre a sobrevivência humana, e por conseguinte a nossa própria sobrevivência.

Até onde podemos ir pelos nossos sonhos?’. Ouve-se na sombreada voz do próprio autor, que proferiu "If you want to make God laugh, tell him about your plans”, e aqui renasce um novo conceito de punição, porque a vida nunca deixa de ser uma tragédia, e os nossos planos, não passam disso mesmo, planos.

Seremos todos nós potenciais criminosos?
Seremos nós capazes de espezinhar um outro ser, para chegarmos ao nosso destino? Matchpoint abriu a caixa do gesto, Cassandra´s Dream, mostra-nos o que está dentro da 'Pandora's Box'.

Sem misericórdia, a noite de Cassandra acabou como o dia em que nasceu, ao sabor das ondas de um sonho que um Deus nos ofereceu, em troca de um jogo, que todos ganhamos e obviamente perdemos, porque a vida é feita de vitórias e de derrotas.

E sem querer, apostamos, e desaparecemos sozinhos na escuridão da noite..

After all... tomorrow is another day. ...

jogas comigo?