os contos de ontem à tarde
Alto! Solitário perdão.
Perdido em mais um tempo que um relógio contou.
A volátil sensação de impotência, estampada na porta do teatro.
Não eram entes estranhos, eram pesos mortos pelo sofrimento da loucura.
A fusão da noite no dia, e na fé do crente, que não acredita na sua própria verdade.
Perguntei pela sensação de existir, a um mendigo mutilado de esperança.
Seria ele um ser menos sensato que a minha pergunta?
Respondeu, tossindo:
- Sangue..!!
E sentou-se na porta do teatro, representando a impotência da sua dor.
Não morreu de imediato, porque o vento o obrigou a respirar o fumo do papel queimado que lhe oferecia vida.
Perdi algum tempo a perceber o que significava aquela resposta, mas nunca o sangue, porque esse era tão humano quanto o meu. O existir não é mais que sangue – Pensei!
Palavra que o vi rico e sorridente, na poltrona mais cómoda daquela ilusão que ambos assistimos, mas escapou-me ao sentir o mais apurado odor.
É tarde, o espectáculo vai começar. Fechei a cortina, e saí rapidamente deste devaneio que me açoita a alma.
E ele ali ficou, na sua relativa fragilidade, bem mais forte que a minha própria vontade.
se não fosses tu, quem seria eu?
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