10 March, 2008

cliffhanger



Não passa por nós, a possibilidade de ter este fim, suspenso no tempo e na vontade, de um homem novo demais para morrer e velho demais para trabalhar, mas suficientemente capaz de ver, com olhos de ver, o que os novos ainda não podem entender.
Entendo o país que não suporta a idade como uma defesa, e sem vaidade, mata quem construiu e protege quem destrói.

Um homem começa preso, e acaba solto, pelo dom da ubiquidade, pelo meio ficam as vitimas, os “danos colaterais” espalhados ao longo de quase duas horas de película, ao fim, chega a sensibilidade feminina de um filme para homens, capaz de desarmar quem não arma a honra de uma palavra, e cava a sua própria sepultura contra a vontade de jogar a sorte trocada pelo livre arbítrio de um ser capaz de pensar por si. A demência não é paga pelo peso das balas e dos ferros soprados, um louco pensante, quase vivo, quase morto, perde o seu lugar, quando o acaso acaba por ser mais forte que qualquer um caçador, que vira presa.
Não há selvajaria no ser por se sentir selvagem, a frieza é uma arma superficial de quem sabe ouvir, e até jogar com a vida, no cunho de uma moeda.

O humanismo cru, e cruel do ser, revela-se, quando a atenção ergue-se no cão estendido e morto, tal e qual um homem. A humildade do sarcasmo leva-nos ao delírio, quando ouvimos as “deixas” hilariantes de um filme que se pretende sério. Não é uma novidade, é um “recall” de Tarantino, e eles (os manos Coen) sabem disso…por fim.. cliffhanger… (Eu também vi, "O Bom, o mau e o vilão" do Leone.)

PS - J.Bardem, mereceu.

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