15 May, 2008

marcharei...até ao fim

Mais um dia, mais um prego, mais uma machadada no tronco que nos ergue o sentimento de ver, possuir, ser e ouvir.

Uma nota falsa, um som que não sai, um ouvido que não ouve. Uma sensação estranha de solidão e de tristeza, que o mar não sabe aliviar.

Terra, areia e bandeiras, navios sem vela, vento sem chama, corta a fundo a sensação do poder absoluto que nos emana da alma preguiçosa de vontades.

Ele sai, ele entra, corre o rio, e as vidas vão mudando, sem sal, com sal, com azeite, sem vinagre, temperos efémeros que de nada servem a quem pereceu numa noite de chuva e trovoada.

Tropeçar numa pedra, não é cair no abismo, é apenas tropeçar na pedra. Bater com a cabeça, é salvar o resto do corpo, e perder a moral de dizer que aceitamos o destino que a vida nos obrigou a ter. Valentes são os que conseguem andar às voltas e esconder a verdade dentro do bolso do casaco de quem os segue.

Mais vale ficar sentado, ver o barco partir, do que embarcar contra o cruel destino da ditadura eterna da madrugada errante.

Chorar não é para todos, é para os fortes, porque o orgulho foi penhorado pela lavandaria dos sonhos. Não pagaste, não receberás o futuro nos teus olhos, é simples e real.

Bem haja o amigo que regressa, boa viagem ao sonho que se aprisiona em vontade alheia. Perder hoje, não é perder sempre, e como sempre, e sempre, até a luz do sol faltar eternamente, posso dizer: Amanhã, é outro dia..

Obrigado por me ouvires, obrigado por não te merecer.. Que se corra a pele, e se feche o circo, porque os tambores já deixaram de rufar.

Contra os canhões…marchar… marchar.

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