a sinfonia vital
Podíamos ou não, gastar uma vida inteira, com a velocidade do fogo a queimar fósforo, para entender a mente de uma só pessoa que nos rodeia.
Basta-nos para isso, esquecer que somos nós que temos de nos entender a nós próprios.
Quem não se conhece, não se casa consigo, limita-se a insultar o seu próprio umbigo, e a denegrir a sua própria imagem, de uma forma paciente e letal.
Harakiri, sem honra, sem código, sem humanismo, sem o pretensiosismo típico do adolescente que acaba de descobrir os prazeres da vida.
O desprezo sem lei, da existência corrida, da vida fundamentada por costumes e tradições, paginada em calendários com números indecifráveis. É fogo, que já não arde.
A vida é violenta, é uma ópera trágica, é um drama corrido a vassoura de pontas espigadas, é madeira que não parte ao sabor do machado, é ferro que não endireita no calor de Agosto, é fatia de bolo fúnebre. Resta-nos as bonecas de trapos e os panos de seda, as aventuras temporárias, e as temporárias desventuras. Resta-nos o centeio, o trigo, o pão que alimenta o pobre, a sopa que descobre o estômago, a fervura da água que nos revolta o sangue. Resta-nos o ar, e o suor das árvores que nos dão um pouco mais que tudo. E olho para o futuro, e vejo pouco mais que antecedentes do passado. É assim que nos construímos, é assim que nos vamos destruindo, nus e cruéis com a nossa própria vulgaridade.
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