um dia atribulado
No outro dia, numa conversa informal de café, em que todos estavam formalmente vestidos, como se fossem a um baile de máscaras na casa Fernando Pessoa. Houve um, que não fazia parte do grupo, e estava ali por engano. Que em vez de um fato e gravata, trazia uma camisola interior de gola alta, de um branco bastante sujo. Disse com toda a convicção do mundo, que a maioria dos parvos, acabam sempre por serem considerados estúpidos, e que isso evidencia que as pessoas não sabem diferenciar aqueles que acreditam e os que não acreditam no poder dos ponteiros do relógio, mesmo daqueles que já estão sem pilha. É claro que todos os presentes discordaram, e desapertaram o nó da gravata do colega do lado, e suspiraram de alivio quando o empregado entornou o café em cima da camisola do outsider presente, tornando a camisola de gola alta, branca e bastante suja, num saco de batatas castanho.
Eu, observava tudo isto à distância de um pé, e num gesto de simpatia apressei-me a despejar um copo de água em cima do rapaz que acabara de ser vítima de um empregado desajeitado e sem escrúpulos capaz de se fazer explodir numa rua deserta em Bagdade. Ele agradeceu-me, cantando uma canção do José Cid em árabe, enquanto praticava uma espécie de arte marcial, que envolvia cadeiras e mesas de café. No meio desta situação, os restantes levantaram-se, e foram até ao Rossio mandar pedras da calçada aos peruanos que tocam no passeio. E eu fui para casa ver os testemunhos de Randy Pausch.
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