amor ou respeito?
Mr.M. acabava de chegar ao escritório, retornado das pequenas férias, na Rep.Pop.da China.
Quando entrou no seu gabinete, foi saudado efusivamente por Ms.J., que se aproximando perguntou com enorme interesse pela namorada de Mr.M.
- Então Mr.M., Como está a menina … ?
- Não está, deixou-me – Respondeu Mr.M com um ar enfadado.
- Como deixou-o Mr.M.? que lhe fez, para a menina o deixar?
- Apaixonei-me por ela – Respondeu Mr.M de uma forma seca, enquanto despia o casaco e o pendurava nas costas da cadeira.
- Outra vez, Mr.M? Já sabe que isso é um erro imperdoável, e voltou a cair no mesmo erro!
- Erro, Ms.J,? Erro? Erro é viver desprovido de vontade, erro é viver desprovido de sentir, erro é perder tempo a pensar no que é o amor, em vez de aproveitar o que sentimos, independentemente do que seja. Erro, é não aproveitar o dia, a noite, e o tempo que nos resta, para sobreviver ao que não podemos mudar.
- E como se sente agora, Mr.M. ? Sente-se bem?
- Não sei o que é sentir Ms.J.; neste momento estou navegando no único espaço em que me é permitido navegar, no vazio da dor, derivando, num mar raso, e com um vento impotente, incapaz de encher as velas dos pulmões que me permitem respirar, neste dia que venço, mas insuficiente para convencer a solidão a partir.
- Essa é a sua certeza Mr.M, que me convence que vive a vida, na margem trágica do destino, será possível atravessar a estrada, sem ser atropelado por um comboio de verdades cruéis?
- Provavelmente Ms.J., quando utilizar a escada, a passadeira, ou o semáforo aberto, e deixar de lado esta vontade de subir, passar e viver rapidamente por um caminho, que ainda tem muitos buracos por tapar.
- Não desespere – Disse Ms.J., enquanto encostava a sua mão no ombro de Mr.M.
- Não. Não vou construir novos muros, e pintar neles palavras de raiva, de ódio, de revolta. Vou antes desejar a melhor sorte, a quem me fere, a bondade a quem me faz sangrar a alma, a fortuna a quem me ignora e me despreza. Apertar a mão contra o peito e respirar fundo este oxigénio, olhar pela janela e ver a luz do dia, e acreditar que é uma vontade divina, as lágrimas que me escorrem pelo rosto. – E naquele instante uma lágrima solta-se percorrendo todo o rosto de Mr.M., e que Ms.J, oportunamente amparou e guardou na mão, fechando-a contra o peito, e num suspiro profundo exclamou:
- Admiro-o Mr.M… Consegue amar, sem medo!
- Medo? Não tenho medo de amar, tenho mais de ser amado. Quando somos nós a amar, somos nós as vitimas, é mais fácil lidar com a nossa dor, do que com a dor que provocamos aos outros.É mais fácil olhar um relógio na parede e ver as horas passar, sem o calor de um abraço, do que abraçar um corpo que não é verdadeiramente nosso, porque a ilusão é rápida e letal, nasce como um tornado e acaba como um terramoto. – E num gesto repentino, levantou-se da cadeira, vestiu o casaco, e com a mão trémula apertou o braço de Ms.J., os seus olhos húmidos e vermelhos, demonstrando cansaço e algo mais que noites brancas de sono, fitou-a nos olhos e revelou, com uma voz rouca mas firme:
- O sol, iluminará sempre o nosso caminho, enquanto ele brilhar, eu acreditarei sempre, que o remédio para a minha dor vai chegar. Até lá, sobreviverei à tristeza em que me deito, ao infortúnio em que acordo, e guardarei os olhos de quem amo, eternamente, na minha lembrança, embrulharei o seu sorriso com a pele do meu corpo, e sorrirei sempre que me lembrar do sabor dos seus lábios. Enquanto for capaz de amar, estou vivo!! E nada é mais importante.
E saiu, sem olhar para trás...
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