deixa-me dormir
Não posso extravasar mais o que eu não tenho para dar. Estou fatalmente preso a este registro sem voz e vulgar, as correntes não me deixam ir mais além, e mesmo que tente, não consigo pegar numa máquina e filmar o cinzento que ficou para trás, não consigo tocar no papel e desenhar as palavras que a caneta produz, incansavelmente, nem tão pouco terei a capacidade de desmontar um livro qualquer, página por página, palavra por palavra e com ele subir a uma torre e desenhar uma catedral. Fracasso absoluto, quando tento dormir e as estrelas não se apagam…
Miserável esta coisa apertada, que me estrangula o peito e me devora a alma. Deixa-me dormir.
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