05 August, 2009

….assim me encontro

Porque os olhos já não olham a direito,

As posições direitas, estão turvas,

A cabeça parece uma bola pendente,

Num corpo sem o equilíbrio dos homens.

 

As palavras nunca saem completas,

Nem na voz,

Nem na escrita…

Nem na leitura dos outros.

 

O suor é quente em corpo fervente,

Que cambaleia como um sino,

Que toca e badala o fim de um rito.

 

O cansaço arrasta-me para o vazio,

A demência aparece ao toque dos ponteiros,

E as pernas cruzam-se no meu próprio caminho.

 

Há degraus em cada passou meu,

Há uma montanha para subir,

E um segredo que desce violentamente,

Sobre mim…

 

São as nuvens que me enchem o olhar,

Trazem memórias estagnadas, imundas,

Cheias de preconceitos e gracejos fúnebres.

 

Planeio o ontem, como se ainda hoje o fosse amanhã.

E curvo-me perante as noites que se agarram aos dias,

Como as lapas nos penhascos abissais

Mergulhados no infundado azul vitral.

.

Corro devagar, mas sem demoras, para o espelho,

Porque ainda me resta ver o vazio

que existe no outro lado de mim…

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