07 May, 2009

Maria (o teu nome)

E demasiadamente um corpo emana verdade, existência, vida.

Luz em si, esconde as derrotas e acende o sol ao passar.

Convicta atitude, pertinente é a vaidade e o sorriso no rosto.

Um choro, uma queda, uma mágoa, uma birra pegada ao colo.

Um mão que me agarra, e me arrasta para fora do deserto.

Um passo em falso, uma corrida, uma brincadeira.

E as nuvens descem, e a escuridão que te assusta se enche em mim.

Não deixo de dar um passo em frente, sem olhar por cima do ombro.

E é falso. Está longe a idade da criança que me fizeste ser, parecer, querer.

 

E frequentemente recordo-te:

 

A andar,

a correr,

a falar.

A crescer sem mim, a esquecer o que me ensinaste.

A descer a escada que te guia o ser, o que és, e o que nunca poderás ser para mim.

 

Contigo existi inteiramente, intensamente, e até o meu corpo se reconheceu em mim.

Sem ti… sou pouco mais que a bobine vazia de um filme, que infinitamente acabou de acabar.

 

É imponente a saudade, gigantesca, como uma montanha que beija o céu.

E aqui se lança, continuamente, sem se cansar.

E por aqui a guardo, nos passeios matinais da minha infantilidade.

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