ao Barnabé
Não. Não me incomodo mais. O Barnabé morreu, e lembro-me da alegria dele na porta de um bar, quando ligava para a namorada e atendeu a mãe da sua mais que tudo. “Desculpa o ‘incomódo’ ”, disse ele.
Lembro-me do Barnabé, da boina do Barnabé, do dançar, do rir, do falar, das roupas, das brincadeiras, das coisas menos a brincar.
O Barnabé era assim, simples, amigo, brincalhão, malandro, rufia, gatuno, divertido, sincero, era o Barnabé.
E vivia num Mundo tão dele, quanto nosso, mas ingenuamente pequeno, insignificante, impreciso. Não sabia nada de nada, mas sabia de tudo.
Um dia o Gomes ligou-me e disse-me a chorar – “Miguel, o Barnabé morreu!”
Eu sentei-me, fiquei parado, e naquele instante só me lembrava da frase que ele disse naquele dia ao telefone, “Desculpa o ‘incomódo’”, e por ali fiquei, a sorrir na memória mais profunda e inóspita do meu desassossego.
Hoje lembrei-me do Barnabé, e das voltas que o Sol deu desde a sua partida, e sinto saudades daquele rapaz que mal conhecia, e que tanta vida me transmitia.
Estejas onde estiveres, daqui te digo, eu dançava bem melhor que tu… Mesmo sem boina, mesmo sem fumar, mesmo sem beber…
(O Alcântara-Mar foi sempre dos homens da “night”)
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