24 May, 2008
23 May, 2008
um dia atribulado
No outro dia, numa conversa informal de café, em que todos estavam formalmente vestidos, como se fossem a um baile de máscaras na casa Fernando Pessoa. Houve um, que não fazia parte do grupo, e estava ali por engano. Que em vez de um fato e gravata, trazia uma camisola interior de gola alta, de um branco bastante sujo. Disse com toda a convicção do mundo, que a maioria dos parvos, acabam sempre por serem considerados estúpidos, e que isso evidencia que as pessoas não sabem diferenciar aqueles que acreditam e os que não acreditam no poder dos ponteiros do relógio, mesmo daqueles que já estão sem pilha. É claro que todos os presentes discordaram, e desapertaram o nó da gravata do colega do lado, e suspiraram de alivio quando o empregado entornou o café em cima da camisola do outsider presente, tornando a camisola de gola alta, branca e bastante suja, num saco de batatas castanho.
Eu, observava tudo isto à distância de um pé, e num gesto de simpatia apressei-me a despejar um copo de água em cima do rapaz que acabara de ser vítima de um empregado desajeitado e sem escrúpulos capaz de se fazer explodir numa rua deserta em Bagdade. Ele agradeceu-me, cantando uma canção do José Cid em árabe, enquanto praticava uma espécie de arte marcial, que envolvia cadeiras e mesas de café. No meio desta situação, os restantes levantaram-se, e foram até ao Rossio mandar pedras da calçada aos peruanos que tocam no passeio. E eu fui para casa ver os testemunhos de Randy Pausch.
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23.5.08
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17 May, 2008
esclarecimento
Não me digam que eu quero imitar o Woody Allen. Porque se eu realmente o quisesse fazer, metia uns óculos de massa, engolia um clarinete e enfiava-me debaixo da minha cama a escrever piadas sobre judeus. Tornava-me “bichanosexual” , casava com o meu gato, e no fim fugia com o meu sofá para uma ilha deserta, tipo Manhattan.
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17.5.08
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Qotel HaMa'aravi
ESCRITOR: Vou construir um igual em minha casa...
ACTOR: Pára de te lamentar..
JUDEU: Sou eu o escolhido...
ESCRITOR e ACTOR(em coro): AZAR!!
(As luzes apagam-se e desce o pano)
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15 May, 2008
marcharei...até ao fim
Mais um dia, mais um prego, mais uma machadada no tronco que nos ergue o sentimento de ver, possuir, ser e ouvir.
Uma nota falsa, um som que não sai, um ouvido que não ouve. Uma sensação estranha de solidão e de tristeza, que o mar não sabe aliviar.
Terra, areia e bandeiras, navios sem vela, vento sem chama, corta a fundo a sensação do poder absoluto que nos emana da alma preguiçosa de vontades.
Ele sai, ele entra, corre o rio, e as vidas vão mudando, sem sal, com sal, com azeite, sem vinagre, temperos efémeros que de nada servem a quem pereceu numa noite de chuva e trovoada.
Tropeçar numa pedra, não é cair no abismo, é apenas tropeçar na pedra. Bater com a cabeça, é salvar o resto do corpo, e perder a moral de dizer que aceitamos o destino que a vida nos obrigou a ter. Valentes são os que conseguem andar às voltas e esconder a verdade dentro do bolso do casaco de quem os segue.
Mais vale ficar sentado, ver o barco partir, do que embarcar contra o cruel destino da ditadura eterna da madrugada errante.
Chorar não é para todos, é para os fortes, porque o orgulho foi penhorado pela lavandaria dos sonhos. Não pagaste, não receberás o futuro nos teus olhos, é simples e real.
Bem haja o amigo que regressa, boa viagem ao sonho que se aprisiona em vontade alheia. Perder hoje, não é perder sempre, e como sempre, e sempre, até a luz do sol faltar eternamente, posso dizer: Amanhã, é outro dia..
Obrigado por me ouvires, obrigado por não te merecer.. Que se corra a pele, e se feche o circo, porque os tambores já deixaram de rufar.
Contra os canhões…marchar… marchar.
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15.5.08
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14 May, 2008
que tristeza...
O Jean-Paul Sartre era bem capaz de ser um pouco existencialista demais..
Mas ele já não existe!!
E nós?
Existimos?
Como?
Onde?
Porquê?
E os esquilos existem?
(Tantas perguntas sem resposta)
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14.5.08
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10 May, 2008
sem dúvidas
Se voltasse ao ontem.. amanhã voltaria a escrever tudo o que escreví até hoje.
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10.5.08
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frase da noite
O Apito Final, é assaltar o Banco de Portugal, e ser condenado por assaltar uma mercearia
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07 May, 2008
a sinfonia vital
Podíamos ou não, gastar uma vida inteira, com a velocidade do fogo a queimar fósforo, para entender a mente de uma só pessoa que nos rodeia.
Basta-nos para isso, esquecer que somos nós que temos de nos entender a nós próprios.
Quem não se conhece, não se casa consigo, limita-se a insultar o seu próprio umbigo, e a denegrir a sua própria imagem, de uma forma paciente e letal.
Harakiri, sem honra, sem código, sem humanismo, sem o pretensiosismo típico do adolescente que acaba de descobrir os prazeres da vida.
O desprezo sem lei, da existência corrida, da vida fundamentada por costumes e tradições, paginada em calendários com números indecifráveis. É fogo, que já não arde.
A vida é violenta, é uma ópera trágica, é um drama corrido a vassoura de pontas espigadas, é madeira que não parte ao sabor do machado, é ferro que não endireita no calor de Agosto, é fatia de bolo fúnebre. Resta-nos as bonecas de trapos e os panos de seda, as aventuras temporárias, e as temporárias desventuras. Resta-nos o centeio, o trigo, o pão que alimenta o pobre, a sopa que descobre o estômago, a fervura da água que nos revolta o sangue. Resta-nos o ar, e o suor das árvores que nos dão um pouco mais que tudo. E olho para o futuro, e vejo pouco mais que antecedentes do passado. É assim que nos construímos, é assim que nos vamos destruindo, nus e cruéis com a nossa própria vulgaridade.
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7.5.08
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