03 December, 2008

o meu itinerário…

Por fim, Viena. Depois de três dias, três longos dias e muitas léguas de distância, nos costados de Salomão, também conhecido por Solimão, cheguei a Viena pela enunciação de Saramago. Agora, quis o destino que voltássemos a Praga, e às cartas, e ao cinzento e azulado surrealismo da vida de ti, de mim, de K. Assim seja. Pelo meio, Bovary. A imortal Emma Bovary, como diria JPC: A “putinha da Bovary”. Que raça esta a de Flaubert!

02 December, 2008

hoje,de mim..

"Hoje, de mim"...nada mais que a brancura de uma folha vazia..uma página sem número, um livro sem história.

 

Os teus olhos são cor de pólvora, o teu cabelo é o rastilho
O teu modo de andar é uma forma eficaz de atrair sarilho
A tua silhueta é um mistério da criação
E sobretudo tens cara de anjo mau

Cara de anjo mau, tu deitas tudo a perder
Basta um olhar teu e o chão começa a ceder
Cara de anjo mau, contigo é facil cair
Quem te ensinou a ser sempre a última a rir?

Que posso eu fazer ao ver-te acenar a ferida universal?
Que posso eu desejar ao avistar tão delicioso mar?
Que posso eu parecer quando me sinto fora de mim?
Que posso eu tentar senão ir até ao fim?

Cara de anjo mau, tu deitas tudo a perder
Basta um olhar teu e o chão começa a ceder
Cara de anjo mau, contigo é facil cair
Quem te ensinou a ser sempre a última a rir?

Por ti mandava arranjar os dentes e comprava um colchão
Por ti mandava embora o gato por quem eu tenho tanta afeição
Por ti deixava de mater o dedo no meu nariz
Por ti abandonava o meu país

Cara de anjo mau, tu deitas tudo a perder
Basta um olhar teu e o chão começa a ceder
Cara de anjo mau, contigo é facil cair
Quem te ensinou a ser sempre a última a rir?

 

Cara D'Anjo Mau - J.Palma

holo(caustico)

Hoje claudiquei perante a honestidade da tempestade que me encerrou o rosto, na prisão onde me encontro. Abri as portas do meu lugar, ao abismo que encontrou o seu fim. Aterrei atordoado pelas luzes que incendiavam a janela do meu quarto, era um sol adulterado, molhado e com cheiro a sal. Escrevi uma promessa no espelho, mas não tinha como a riscar. Era a imagem do desencanto, de menos um dia que voltaria a ser noite. E perdi-me em letras e palavras de autor. Efectivando mentalmente um filme da cor das nuvens que me traziam a reminiscência das magias que outrora conseguia repartir.

Holocausto. Holocausto…foi o estado em que me quedei.

fragmento #1

Era tarde, o trânsito superficial da cidade corria normalmente, não havia horas para a morte de um dia chuvoso. O carro parou no semáforo, enquanto a musica da cidade batia nos vidros cerrados do carro de F.B.

O pisca cintilava, comunicando com o exterior a intenção presente de virar para o lado direito. Ao sinal de esperança, F.B. arrancou, e com um sentimento de não poder controlar o movimento, virou rapidamente à esquerda. E logo teve de se deter na passadeira, onde um cão usufruía o direito de peão. Afinal, era um peão comum, sem palavras. Parou em frente do carro de F.B. e fitou-o com um olhar inquisidor. Se fosse possível caracterizar o seu espanto, ele era de sobremaneira equivalente ao de um ser humano que acabara de ser surpreendido com a notícia mais estranha do mundo.

F.B. Não se conteve, e com um gesto brusco, abriu o vidro e com um tom imperativo, gritou “Sai!”, o cão ainda mais espantado, sobrelevou uma das orelhas, e ladrou de uma forma brusca, como se respondesse a F.B. na mesma moeda."Cala-te estorvo. Fecha a boca clara, e não digas mais a palavra que te proíbe de falar sobre o que não te respeita."

Finalmente, avançou pela estrada, desconfiado das atitudes daquele condutor, que acidentalmente sub valorizou a sua própria vontade, na sua decisão de virar à esquerda, se é possivel falar em decisão. O facto é que a decisão tomada anteriormente, não é a mesma atitude tomada pelo corpo e pelo movimento. (...)

 

(Talvez seja a verdadeira estrada que nos leva a encontrar o olhar que te toca a cada passo que dás, em busca do que não podes esconder.)

Estava presente no começo do conto que não posso apagar, nem acabar.

if only...

But how many times can I walk away
and wish "if only... "
How many times can I talk this way
and wish "if only... "

Keep on making the same mistake
keep on aching the same heartbreak
I wish "if only... "
But "if only... "
Is a wish too late...

 

cut here - The Cure

a última viagem do elefante?

elefante_js

 

Ele sabe muito bem que provavelmente será o último (esperemos que não), e a imagem, é a imagem que todos queremos deixar, uma boa mensagem, com muito humor e boa disposição.

È  assim que queremos ser lembrados, e ele, como Ser imortal e superior, teve esse cuidado.

Talvez seja mais um “acto poético” de Saramago… Talvez não seja o último, talvez.

 

Ele agradece, e nós também: Obrigado Pilar, por não o deixares morrer...

01 November, 2008

7-yrs

Sete anos de superficialidade de uma vida na presença de um número quase perfeito.

Seria hoje o nosso número perfeito que completaria a harmonia dos sorrisos de outrora.

Foram as memórias perdidas nas patas de um cavalo, iluminadas pelas luzes, escutadas pelas vozes, e pelo tilintar do sonho que construiu a nossa fortuna, num jogo que se perdia a cada momento. Foi na noite fria da mãe que nos avisa, do deserto que se conquista, que Lisboa não me ouviu cantar os teus desejos. Não era um cão que uivava, um calafrio que não se podia suportar, em cada mensagem que nos vencia o medo, e nos convencia que o amanhã seria um dia melhor. Era quase certa a euforia de uma negação, que pareceu perfeito aos olhos da tua presença, tal como o sete que nos encerra, e nos move até ao cadafalso que nos dita a morte.

Os barcos estavam entregues ao seu destino, naquela noite em que a vida nos devolveu a sensação de existir, numa Marina feita de solidão e pouco mais que pedra.

Guardo o sorriso, o sapatear no ar, a gargalhada, e os olhos que nos diziam palavras que não poderíamos pronunciar. Lembro o sabor da tua pele, o teu calor, a nossa torre, o nosso castelo, que desejamos em silêncio construir. Era a força de um mar que nos empurrava para nós. Ao lado, o forte, desmoronava-se ao peso da batalha, que ele já muito antes tinha perdido. Naquele dia, nenhuma muralha nos podia separar.

Guardo a areia do deserto em que criamos a miragem, que eu não soube realizar.

Seria um número perfeito, se não fossem as imperfeições de um ser que nunca deixou de errar. Mais uma vez, só posso dizer: Desculpa!!

21 October, 2008

astro argentum

De repente, deixamos de ser o Príncipe (de Maquiavel) e passamos a ser “A Besta” (do Aleister Crowley) seguindo a Ordo Templi Orientis.

E como diriam os 30 Seconds to Mars, na música “The Story” , “This is the story of my life (These are the lies I have created)”.

Num segundo, num momento, tudo o que fazemos pode tornar a nossa imagem de ser equilibrado e intocável, num ser que se passa para o outro lado da vida dupla que levamos, o outro lado, onde reina a insanidade e onde prevalece o surrealismo.

Nesse momento, sentimos que não nos resta mais nada, a não ser “morrer como um cão” (by Joseph K.), nesse "Processo" que acabamos de julgar.

Todavia, é nesses momentos insanos, e de boa memória para as calendas gregas, em que as tragédias se tornam comédias, difundidas numa sexta-feira negra em que as bolsas se afundam por um qualquer espirro de desconfiança, que encontramos a verdadeira vontade. A “Thelema”, segundo a tal “besta” que fugazmente nos espreita na capa do Sgt. Peppers, e que ao som do “Lucy in the sky with diamonds”, nos torna auto-conscientes da nossa própria demência, e dos erros que cometemos, quando por uma razão pouco ou nada racional, nos deixamos desviar das (vias) que o nosso espírito, sabiamente ocupa.

Foram estas as mentiras que criamos… hit the road Jack!

Aqui fica a minha "Sentença": get a life bitch..! (com direito a fotocópia para arguido homónimo)

18 October, 2008

'Kafkaesque'

kafka_murray

online shopping

17 October, 2008

the trial #1

Good morning Worm your honour
The crown will plainly show
The prisoner who now stands before you
Was caught red handed showing feelings
Showing feelings of an almost human nature
This will not do

CALL THE SCHOOLMASTER

I always said he'd come to no good
In the end your honour
If they'd let me have my way I could
Have flayed him into shape
But my hands were tied
The bleeding hearts and artists
Let him get away with murder
Let me hammer him today
Crazy toys in the attic I am crazy
Truly gone fishing
They must have taken my marbles away
Crazy toys in the attic he is crazy
You little shit, you're in it now
I hope they throw away the key
You should talked to me more often
Than you did, but no you had to
Go your own way. Have you broken any homes up lately?
"Just five minutes Worm your honour him and me alone"
Baaaaaabe
Come to mother baby let me hold you in my arms
M'Lord I never wanted him to get in any trouble
Why'd he ever have to leave me
Worm your honour let me take him home
Crazy over the rainbow I am crazy
Bars in the window
There must have been a door there in the wall
When I came in
Crazy over the rainbow he is crazy
The evidence before the court is
Incontrovertible, there's no need for
The jury to retire
In all my years of judging
I have never heard before of
Some one more deserving
The full penalty of law
The way you made them suffer
Your exquisite wife and mother
Fills me with an urge to defecate
Since my friend you have revealed your deepest fear
I sentence you to be expunged before your peers
Tear down the wall

PINK FLOYD

11 October, 2008

plateau..?

Now baby, listen, baby, don't ya treat me this-a way
Cause I'll be back on my feet some day

(Don't care if you do 'cause it's understood)
(You ain't got no money you just ain't no good)

Well, I guess if you say so
I'd have to pack my things and go (That's right)

(Hit the road, Jack and don't you come back no more,
no more, no more, no more)
(Hit the road, Jack and don't you come back no more)

 

(Don't you come back no more)
(Don't you come back no more)
(Don't you come back no more)
(Don't you come back no more)

Well


(Don't you come back no more)

 

ray charles - hit the road jack

07 October, 2008

high hopes

"Iudico che fortuna sia arbitra della metà delle azioni nostre, ma che etiam lei ne lasci governare l'altra metà, o presso, a noi."

Niccolò Machiavelli

04 October, 2008

a pureza e o respeito, começam sempre aqui...

true_hebrew

the true

Without music, life would be a mistake. by Friedrich Nietzsche

and you give yourself away

andre_kertesz

 

A melancolia de Kertész ao serviço dos que se livram da cegueira que invade o ambiente que nos envolve.

Para uns é um garfo num prato, para outros é a genialidade pura, de um mestre que sabe captar num momento, um segundo que dura uma eternidade.

Ainda há esperança para alguns.. aos outros, que o diabo os carregue até às entranhas mais profundas do Inferno. A ignorância não merece respirar.